Cesariana 1 vs cesariana 2
- Catarina Claudino
- 2 de jun. de 2018
- 3 min de leitura

Tanto que sonhei com o nascimento dos meus 2. E nenhum foi como sonhei. Não tive a sorte de experienciar um parto normal, como tanto gostaria... Mas hoje já não me sinto menos mãe por isso...
Do Lourenço a rebentaram-me as águas, tive contrações ( muitas e dolorosas até ao 4cm e levar a epidural) fiz o ditos 10cm de dilatação. Mas as forças das circunstâncias quiseram que no momento da expulsão ele não conseguisse passar porque a minha bexiga estava muito cheia obstruía todo o canal. Foi impossível esvaziar bexiga devido á posição do bebé o que nos levou para o bloco, para uma cesariana de urgência. Toda a preparação e procedimento foi tensa e o processo complicado e muito doloroso. Um verdadeiro puxa, empurra até o ter cá fora.
A recuperação também foi difícil. No Pós cirúrgico, ainda no bloco e recobro tive tremores, como se não controlasse o corpo que estava numa convulsão de frio. E sentia que tinha falhado... Que tinha deixado o meu sonho morrer na praia. Que deveria ter feito algo... Que podia ter evitado. Estava errada obviamente. E pior, como mãe de primeira viagem, sentia-me menos mãe. Como se ( como muita gente diz por aí ) a cesariana fosse mais fácil, como se não valesse.
O Lourenço ensinou me que ser Mãe não dependia da forma como nasciam. E muito menos que uma cesariana seria mais fácil que um parto normal. Todos os procedimentos acarretam riscos, e o que realmente importa é que no fim, mãe e bebé estejam bem.
Na gravidez da Constança sonhei que era destas que iria conseguir experienciar o parto normal. Esperei mais de 2 anos e meio até tentar engravidar novamente. Tivemos todos os cuidados, e mesmo depois de saber que ela iria ser um bebé maior que o irmão, estava preparada. Fiz caminhadas, exercícios com a bola de pilates... Tudo que poderia ajudar a entrar em trabalho de parto antes das 40s , na verdade, eu acreditava que seria antes das 37s. Mas nada ... comecei a ficar ansiosa, e a Constança continuava a crescer. Com útero cirurgico da gravidez anterior, não podia provocar o parto medicamente, e um bebé grande aumentavam as hipóteses do parto terminar no bloco.
Comecei cedo com contrações de treinamento, às 38s e 4dias comecei a perder o rolhao mucoso. Mas nada ... E foi então que o meu médico juntamente com o corpo clínico do hospital aconselharam a cesariana o programada. Apesar da hipótese já me ter passado várias vezes pelo pensamento, era um desfecho que não queria mesmo equacionar. Mas para bem das 2, se era o melhor, vamos lá ganhar coragem... Na quinta antes fui ao hospital assinar os consentimentos e saber como seria todo o procedimento. No domingo ao fim do dia dei entrada no hospital para o internamento e na manhã seguinte foi preparar tudo ( registo, colheitas de sangue para análise e para kit de preservação das células estaminais e ainda colocar soro e afins ) e desci para o bloco.
Segunda dia 21.05.2018 às 11:20h nasceu a Constança, com 3.770kg. a cesariana foi em tudo diferente. Para melhor. A epidural não sei se foi mais dolorosa a administração ou se da primeira era eu que estava anestesiada pelas dores das contrações. Mas tudo resto foi mais fácil. O acompanhamento do corpo clínico/cirúrgico, tudo mais calmo, mais leve. Os puxões não tinham a tensão de uma urgência... Ela nasceu, chorou logo... Vi-a assim que saiu da minha barriga... Ainda toda dobradinha como uma bolinha, cheia de sebo, com aquele cheirinho inconfundível de bebé acabado de nascer. ( Tudo o que não tive com o Lourenço ).
O pós cirúrgico também foi completamente diferente... Não tive tremores , tive comichão, mas nada incomodativo. Não tive dores pelo corpo todo dias a fio. E ela ainda teve a sorte de ficar ao colinho do pai enquanto tive no recobro.
Mas uma cirurgia é uma cirurgia, com epidural ou com anestesia geral... Obriga a 12h deitada sem ingerir nada... um bebé recém nascido para cuidar. Depois o tão esperado levante é doloroso, seguido de dieta líquida mais 1 dia ... A privação de sono e de movimentos. Mas tudo em prol do nosso tão esperado e desejado bebé.
Agora sei que não vou poder nunca saber o que é um parto normal. Mas tenho a certeza que não sou menos mãe por ter tido os meus filhos de cesariana. Não foi um opção. Mas uma realidade para um bem maior... Eles.
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